Algumas vezes, nem nós mesmos sabemos o que vai dentro de nossa alma. Perdi meu pai aos nove anos de idade. Desde então, me questionava sobre o porquê as crianças da Vila Clementino, bairro de São Paulo, onde ele nos levava para entregar presentes e alimentos no Natal, não podiam ter o que eu tinha.

A vida me levou para longe da Vila Clementino, passando por favelas e fazendo trabalho voluntário. Um dia me mudei para a Bahia e minha vida mudou.

Luíza, a moça que trabalha na minha casa, me aconselhou a doar uma dúzia de ovos a uma pessoa na comunidade onde ela morava, e pediu que eu rezasse para a chuva parar.

Minha filha Fabíola estava me visitando e queríamos que a chuva parasse, para desfrutarmos das belezas naturais da Bahia. Então, fiz o que Luíza me indicou. Não me lembro se a chuva parou, mas ao entregar aquela dúzia de ovos, algo maior aconteceu. Coincidentemente (ou não), uma dúzia de ovos que, quando ainda garotinha, pensei ser a solução para problemas de desigualdade na Vila Clementino, foi responsável pelo início de um lindo trabalho.

Em 2000, formei um grupo de 13 pessoas para realizar um projeto educacional e assinamos o estatuto do que se tornou o Crescer. Em seguida, em assembleia, elegemos a primeira diretoria, toda formada por voluntários.

Passados 21 anos, cerca de 1.300 crianças foram beneficiadas pelo Crescer.

Ao longo do tempo, as atividades foram além das aulas de reforço escolar, fazendo do Crescer um espaço para desenvolvimento integral para crianças e adolescentes.

Felizmente, o que antes era apenas um sonho, tornou-se realidade!

Wania Howard
Fundadora do Crescer